Massa italiana Na cela de quatro passos quadrados O encarcerado proletário de turim Escreve molhado de banhos de sol Ele inacabou… Letras e sua coluna torta de tombo Em queda sobre os cadernos Inacabados… Porque o corpo acaba Mas o futuro inacaba E antônio inacabou… Cartas, cadernos, Sinceros garranchos e planos pra organizar Antônio quer príncipe-partido Mas o príncipe agoniza diante do caos Arma sem amar… Arma sem amar… Antônio inacabou Ordem nova em camisas negras Seu príncipe-partido inacabou Memória e dor de turim Vêm aos olhos destoantes Sangue e suor movendo engrenagens Vida rolando em esteiras Rodas de carros não comestíveis Combustíveis alegram tantas vidas Desmontadoras de homens O homem esse estranho Esse estranho… Inacabaremos, meu amor Mão lavadas em pólvora e gritos Negras camisas em ex-homens Cinismo rouco botas sobre bandeiras tentam acabar Mas a história é devir inacabada Trincheiras pelos telhados Morte sem cabeceira Desfigurados operários armam carimbos Os conselhos de fábricas resistem As ruínas são barricadas Os vermelhos sangram pela liberdade e insistem: Inacabaremos sem temor… Inacabaremos sem temor… Inacabaremos sem temor… “as letras ainda me correm sem paz A lucidez me mantém alguém Meu pessimismo da razão, Meu otimismo da vontade se espalha pelas grades e além… E eles nunca vão poder estancar Agora é nossa hora… Inacabaremos, meu amor… Inacabaremos, meu amor… Inacabaremos, meu amor… Inacabaremos, meu amor…”