Amanheceu tão frio Você dormindo na rua Um dia na sarjeta O outro nas calçadas A infância passando Foi aprendendo Que roubar era a forma de sobreviver Entardeceu tão frio Você ainda na rua Querendo trabalhar Mas comendo nas lixeiras Acreditando em Deus E vivendo num inferno Sua alma era livre para sonhar Meu inimigo tem o rosto da fome A incerteza do tempo E o futuro no olhar Anoiteceu tão frio Você caminha na rua A lei não tem justiça Pra quem mendiga A polícia não protege quem vive nas sombras O tempo é inimigo da impunidade Meu inimigo tem o rosto da fome A incerteza do tempo E o futuro no olhar