Se você pensa que pode controlar o tempo Se contra o tempo o teu relógio quer rodar Se cai a chuva, teu corpo molha você se ressente Porque sente que a chuva pode controlar Se tudo pende, quer rodopiar Se num momento o vento Leva teus pingentes, fotografias, Teus versos, teu particular Se você pinta tua casa nessa tela Com uma aquarela, vem a água, tira do lugar Se tudo perde, quer desmoronar Borra a minha cara com teu riso leve Quer desafiar O tic-tac desse tempo Me dizendo que não há tempo a perder Que diz a hora que levanto, Que eu como, que eu tenho pra amar Nesse relógio as horas poucas me consomem Viro escrava dos braços Que giram num segundo Mas não param meu desejo intenso de parar Se amanhece e a mente não te cumprimenta Não diz bom dia, mas pensa que pode ordenar Se no espelho você se olha, não se reconhece Porque há tempos que não olha pra onde deve olhar Se vida ferve, quer continuar Se quando deita teu peito guarda uma enchente Que se revira, contorce, quer esvaziar Se rompe o ventre, a água escorre Não há tempo, não tem mais saída Agora é hora de arrebentar Se parto sente, quer dilacerar Rasga minhas memórias com teu sopro quente Vem desafiar O tic-tac desse tempo Me dizendo que não há tempo a perder Que diz a hora que levanto, Que eu como, que eu tenho pra amar Nesse relógio as horas poucas me consomem Viro escrava dos braços Que giram num segundo Mas não param meu desejo intenso de parar Trama desfazer, ponto mal-traçados Sempre a esperar quandos adequados Não passar as horas vendo a dança rodar, Sem conseguir dançar Bailarina sem par Rasga minhas memórias com teu sopro quente Vem desafiar O tic-tac desse tempo Me dizendo que não há tempo a perder Que diz a hora que levanto, Que eu como, que eu tenho pra amar Nesse relógio as horas poucas me consomem Viro escrava dos braços Que giram num segundo Mas não param meu desejo intenso de parar.