Na quele dia como de costume o peão levantou cedo Dobrou os pelegos colocou num canto e foi lavar o rosto Destra melou a porta foi abrindo o rancho para a brisa entrar O cusco latiu abanando a cauda para lhe saudar João deu lhe agrado apreciou a aurora pegou uma vasilha Foi até o poço puxou um balde de água e meteu na cara E de golfada lavou bem a boca jogou tudo ao chão Se encaminhou pra acender o fogo junto ao galpão Abancado num cepo principiou o mate enrolou um palheiro Enquanto pitava e sorvia o amargo pensava na lida Com a mente exaurida, mas com muita força pra qualquer trabalho Mexia com um galho o fogo matreiro como a própria vida Virou a cabeça contemplou a aurora meio bocejante No mesmo instante em que um tico-tico pousou na janela Foi quando o quera notou que o sol já vinha sorridente O baio na frente estava pastando bem junto a cancela Repousou a cuia na cambona preta pelo picumã Era manhã foi encilhar o pingo para camperiar Num trote largo cruzou a porteira sem olhar pra traz Coisas que faz o peão campeiro em seu labutar Abancado...