Aydê

Sou Nordeste

Aydê


Língua de fogo e cangaço
No céu de estrelas e de São João
Canto de Lua, repente, cordel
E oxente! Xaxado e baião

Terra da mãe natureza
Que o Sol incendeia e vida gerou
Mandacaru, espinheiro
Bordando as belezas no pé de fulô

Oh mainha dá um cheiro
Meu balaio de amô
Sou daqui mulher da peste
Sou Nordeste, sim sinhô
Sanfoneiro toque o fole
Hoje vou rodopiar
Tem festejo no terreiro
Quero ver você dançar

Cabo de enxada, cacimba
Cabaça, moringa, rama de feijão
Reza de Santo rosário
Sou filha da cria do Sol do sertão

Açude do brejo respinga
Na pedra polida o rio secou
Poça de água barrenta
São rimas na prosa de um cantador

Oh mainha dá um cheiro
Meu balaio de amô
Sou daqui mulher da peste
Sou Nordeste, sim sinhô
Sanfoneiro toque o fole
Hoje vou rodopiar
Tem festejo no terreiro
Quero ver você dançar

O sangue nordestino corre
Nas minhas veias com orgulho
Sou força, resistência
Não silêncio meu barulho
Terra de povo trabalhador, que tem fé
Que cai e logo fica de pé
Sou filha da caatinga
Da terra da luz
Terra de Esperança Garcia, Dandara
Ana Neri e Raquel Queiroz
Para sua xenofobia
Deixo a nossa cultura
Que tem Betânia, Gonzaga, Bráulio Bessa
Patativa, Belchior, Alceu, Veveta e Rapadura
Nordeste não é só seca
Não sinhô
E seu ódio não me encabula
E eu bato no peito e grito com ardor
Sou daqui mulher da peste
Sou nordeste sim sinhô

Oh mainha dá um cheiro
Meu balaio de amô
Sou daqui mulher da peste
Sou Nordeste, sim sinhô
Sanfoneiro toque o fole
Hoje vou rodopiar
Tem festejo no terreiro
Quero ver você dançar