Não demoro a ver O que vi logo que avistei Da minha janela amadeirada Eu vi a rua beber água Da chuva de ontem que tomei Não demoro a ver Um pedaço de chão que esmaguei No couro do meu sapato assolado Vejo ainda crescer no mato Um capim seco em que pisei Não demoro a ver Uma gota parada bem aonde eu deixei Pobre guarda-chuva desarmado Pois ainda cai no telhado Sobra d’água da chuva de ontem Que não choveu