Eu assisti num rodeio A chegada de um peão Por ter a roupa rasgada E trazer os pés no chão Recebeu de um festeiro Uma grande humilhação Aguentou tudo calado Depois deu a explicação Venho vindo de outras terras Onde um mata e o outro enterra Porém não procuro guerra Vim fazer demonstração O festeiro olhou pro moço E falou dando risada O prêmio desse rodeio É uma joia cobiçada Você vai servir de graça Para a minha peonada Para mim você não passa De um simples camarada Mas se quer beijar o chão Vou abrir uma exceção Seu prêmio é um caixão Pra encerrar a vida cansada A arrogância que ouviu Não tirou a sua paz O recinto estava cheio Tinha gente até demais Espalhadas nas cadeiras Camarotes e gerais Quando chegou a sua vez Vamos ver o que ele faz O povo assim gritou Mas logo silenciou Porque o rapaz montou Foi com a cara pra trás O festeiro ao ver aquilo Ficou muito admirado No lombo do animal O moço estava agarrado Cavalo pulou bastante Mas na espora foi cortado Logo começou andar Demonstrando bem cansado Naquele espetáculo lindo O peão desceu sorrindo Com o povo lhe aplaudindo Ali mesmo foi abraçado O peão pediu licença E falou em alto brado Aqui sou desconhecido No exterior sou afamado Montando ganhei dinheiro Troféu de ouro e carro importado Na aparência de um mendigo Nesse traje esfarrapado Vim assim porque eu quis Foi promessa que eu fiz Mas por dentro eu sou feliz Por ser um peão honrado