Sentado em sua margem Às tardes fico olhando As suas águas barrentas Na minha frente passando Toda cheia de impurezas A vida vai devorando Chega a causar arrepio É o lamento do rio Este gigante chorando Relembro do seu passado Aqui tudo era alegria Suas águas cristalinas Que o fundo do leito via O seu cardume de peixes E os seres que ali viviam As mais belas corredeiras O ronco das cachoeiras Que barulhão que fazia O ronco acima é chuva O ronco abaixo é estiagem O movimento das águas Formava bela imagem A mata ao lado dos rios Dando sinal de coragem Tão forte lhe protegia Dos enxurros que descia Com sua fúria selvagem O homem acaba com tudo A floresta desmatou Tocou fogo, fez coivaras E todo o solo arou Pôs adubo, inseticida Natureza revoltou Com tanta poluição Da cidade e do sertão Por isso tudo mudou Nascente com pouca água Nas pedras perambuleia Aves voando assustadas Parece que em terra alheia Aqui é só um vermelhão Cinzento cheio de areia Proteja a pátria querida A água é um dom da vida Que a humanidade anseia