Você lembra aquela árvore Que cresceu beira o caminho Era sombra de viajante Foi um lar de passarinhos Ao cortá-la, ficou triste Chorou lágrima do destino Ao perder do Sol a luz E da chuva os doces pingos Os homens a lapidaram Recitavam-na em pedacinhos Hoje é mesa em que te serve É cama que estás dormindo É a cadeira em sua sala São as portas que te guarda O sustento destas telhas Que te abriga em sua casa É estante dos teus livros São os tacos desta sala Aos teus restos fez-se o pão Ao calor daquela brasa Esqueci dos teus reclames Vai sorrindo tempo afora Se não a queres, dás ou venda Sou a árvore em sua história Meu assento, meu abrigo Minha viola apaixonada Tudo isso deu você Que chorou sempre calada Quando eu vou pela estrada E não a vejo na saída Naquele momento eu morro Sinto a mesma dor sofrida