Falar de amor sem o gatilho apertar Devolver à criança o direito de sonhar Ninguém merece ter os sonhos roubados Nessa terra de gigantes somos todos refugiados A criança lá na Síria ergue suas mãos Não é jogo ou brincadeira, é pra pedir rendição Como crer em liberdade com tanta sagacidade É o filho do pobre querendo comprar felicidade com armas nas mãos, acha que é ostentação torturado, alienado em frente a televisão Na madrugada, mais uma casa roubada, uma mulher estuprada, mais um preto no chão. Ninguém liga pra isso não! Xiu, tá passando domingão do Faustão! O que? Jesus morreu antes da sexta-feira da paixão? Morreu sim! Morreu sim! Ele se foi naquele dois de abril Faltando um dia para a sexta-feira da paixão, quando foi crucificado Mas o Jesus de quem eu falo, morreu a tiro, a bala, queima-roupa Dez anos, dez anos tinha a minha criança Eduardo de Jesus Ferreira Eduardo de Jesus Ferreira Morto pela repressão militar que deveria ter acabado há trinta anos atrás Mas não. A PM ainda ameaça, tortura e tira vidas Como tirou a do meu filho, o meu filho de dez anos E é por isso que digo e repito Chega de violência e extermínio de jovens! Falar de amor sem o gatilho apertar Devolver à criança o direito de sonhar Ninguém merece ter os sonhos roubados Nessa terra de gigantes somos todos refugiados É preciso ter fé, é preciso lutar É preciso ter fé, sem deixar de arriscar