Ta chegando o tempo quente Toda a roça vai secar Vem os dias da colheita Nego tem que trabalhar Na colheita que passou O nego não agüentou Não pediu pra seu senhor E sentou pra descansar Senhor branco não gostou Mandou negro pro feitor E no tronco ele amarrou E mandou a chibatar Sou eu, preto velho acabado Com o pé todo rachado De pisar neste chão Já passei quatro luas Na senzala amarrado Muito foi castigado Não sirvo mais pro leilão Não, nunca fui um negro malcriado Tenho sempre que trabalhar calado Nunca fiz maldade a ninguém Ta chegando o tempo quente É o medo que o negro tem