As estradas dentro de mim são estreitas Viajo nelas por horas e chego em vazios Não há free-ways em minhas veias Auto-estradas passam longe dessas artérias Tenho picadas, tenho becos, tenho poços Tenho pequenas vielas nos ossos A ir trabalhar, pagar água, luz, comprar maçãs Só grandes avenidas engarrafadas Tenho alvéolos entupidos por desejos E uma ponte destruída em fundas cãs As estradas dentro de mim seguem repletas Tanta gente buzinando sem ter fim Que essa amarga bile funda em meu palato Obstrui um cruzamento em meio ao mato Que cresceu na via de terra de meu rim As estradas dentro de mim seguem repletas Os vazios em que me encontro distam horas As demoras, os atrasos, inconveniências Que te trago se confundem na memória Porque as estradas dentro em mim são tão estreitas Que só há espaço nelas para o amaro