E na quebrada é vida que segue Cada dia que se perde É uma porta a menos pro tempo Hoje eu sinto isso na pele Já passei por várias fitas Se eu contar se não acredita Aprendi ter a humildade Tenho amor a própria vida Aqui dentro favela Entre becos e vielas Onde a maldade espreita E até criança é suspeita Eu pude ver a policia Se confundir com a milícia Eu puder ver criminosos Que negociavam vidas Ainda existe a ditadura É o que eu mais vejo nas ruas E a ditadura aqui é a do medo Imposta a índios, pobres e negros Sou na rua julgado suspeito Fui nascido criado no gueto Vítima desse seu preconceito De você eu só quero respeito Pra que eu possa viver minha paz Tomar tapa na cara jamais Humilhado sem saber o motivo Agredido em ações ilegais Quero ser livre pra viver Sem ter que fugir ou me esconder Ser favela não foi opção Sou fruto do descaso, da sua corrupção Mas eu só peço a paz Pra que eu possa viver bem aqui Não tente me calar, nem me ameaçar Ainda não é minha hora de partir Passei a vida correndo Tentei fugir do veneno Pra procurar melhoria Matei um leão por dia Foi foda a caminhada O que eu sofri na jornada E só Deus foi testemunha De tantos dias de luta Eu sei me ferrei demais Mas agora eu sei Do que sou capaz Não atravessei Eu lutei por paz Não desrespeitei Tô correndo atrás E eu sempre acreditei Me entregar jamais Do que eu conquistei Eu não volto atrás O que é meu eu sei Só quero paz