Com a tinta do desprezo e do orgulho Retoca os fios grisalhos do cabelo Ostenta o queixo erguido ao pé do espelho E no entanto nada é mais belo Engorda, porque já não cabe em si E aumenta quando senta o vão do vime Sem dentes, já não morde nem sorri E no entanto nada é mais sublime Faz pose para o próximo retrato Enquanto em suas veias gela o gelo Com a língua alheia lustra o seu sapato E no entanto nada é mais singelo Quanto mais se entope de perfume Mais aumenta o cheiro putrefato Nada mais fermenta nesse estrume E no entanto nada é mais amado