Arlindo Pinto

Boiadeiro Entrevado

Arlindo Pinto


Quem me vê assim não diz que já fui um bom boiadeiro 
O peão mais afamado, de todo o sertão Mineiro 
Era sempre bem disposto, nunca recusei transporte 
Eu rasgava esse sertão, desce o Sul inté ao Norte 

E então pra marcação, era sempre escoído 
Por ser boiadeiro bom, e por ser arresorvido 
Não havia uma novia , i nem boi pra me agüenta 
Por mais ruim que fosse o bicho, eu fazia a ajueiá 

Mais um dia não sei como, minha vida se arruíno 
Me aparece um certo boi , foi o Diabo que mando 
Ele surgiu que nem raio, quando o sai da trovoada 
Me embruiô numa puera, i despoi não vi mais nada 

Hoje eu vivo na cadeira, com as pernas entrevada 
A saudade faís chora , quando eu vejo uma boiada 
E assim quero esquecê, dos bom tempo que se foi 
Quero i pra argum lugá, onde eu não veja boi.