Ari Sousa

Joaquim

Ari Sousa


Ah ele não tem pai
E não estudou
Assim cresceu joaquim

Ah ele não vingou
Só apodreceu
Ele é um fruto ruim

Há quem diga que o queira bem
Há quem ria do pobre ninguém
Muita gente a falar
Pouca gente a ouvir

Ah ele conheceu
Todas as versões
E as aversões também

Ah ele observou
Que o humano tem
Propensão a ser cruel

Há na rua quem saiba olhar
Há quem poste querendo atenção
Malabares a encantar
O sinal a fechar

Ah ele não tem paz
O escuro vem
Trazendo perturbações

Ah o amargo é
Ter de aceitar
Que negando não vencerá

Há a brisa depois de sugar
Há o poço sem fundo a te olhar
Dedos queimados a percorrer
Chão imundo a esconder

Ah num dia de Sol
Um carro encontrou
Seu caminhar matinal

Ah ele delirou
E não percebeu
Os faróis a encará-lo

Há os dias que sabem raiar
Há as noites com mães a chorar
Só um homem a cair
No fervor do ir e vir