Antonio Mourão

Fadista Louco

Antonio Mourão


Contaram-me ainda á pouco
Que á noite pela mouraria
Andava o fadista louco
Sem saber o que dizia
Andava o fadista louco
Sem saber o que dizia
Falava na amendoeira
Na guia no capelão
Falava na amendoeira
Na guia no capelão
Na rosária camiseira
E na tasca do gingão
Na rosária camiseira
E na tasca do gingão

Metido numa samarra
Melenas em desalinho
Cantava o fado velhinho
Dedilhando uma guitarra
Cantava o fado velhinho
Dedilhando uma guitarra
Cantava o fado velhinho
Dedilhando uma guitarra

Louco gritou pela severa
E quando a manha surgiu
Louco gritou pela severa
E quando a manha surgiu
Quando alguém quis ver quem era
Nunca mais ninguém o viu
Quando alguém quis ver quem era
Nunca mais ninguém o viu

Então fiquei meditando
Que um louco que ninguém o via
Então fiquei meditando
Que um louco que ninguém o via
Era a saúdade chorando
A morte da mouraria
Era a saúdade chorando
A morte da mouraria