Agonia Sinto que as paredes me oprimem que os quadros silenciosos me observam assustados e que os móveis crescem na penumbra do quarto e minhas mãos encolhem se recolhem inativas perplexas. Estou longe de mim mesmo. Nuvens espessas densas em debandada na direção do infinito. Visto do universo neste lugar-nenhum sou cada vez menos enquanto bilhões de seres nascem e fenecem como estrelas luzidias mas intermitentes. Estou perdendo peso enquanto meus cabelos cada vez mais grisalhos me abandonam desprendem-se e flutuam errantes. Minhas mãos não encontram mais nada abaixo da cintura. Vou reduzindo de estatura ao nível do chão sem qualquer resistência até desaparecer pelo ralo da cozinha ou pela ampulheta da existência. Já vou tarde.