Oiça lá ó senhor vinho Vai responder-me, mas com franqueza Porque é que tira toda a firmeza A quem encontra no seu caminho Lá por beber um copinho a mais Até pessoas pacatas Amigo vinho em desalinho Vossa mercê faz andar de gatas É mau procedimento E há intenção naquilo que faz Entra-se em desequilíbrio Não há equilíbrio que seja capaz As leis da física falham E a vertical em qualquer lugar Oscila sem se deter E deixa de ser perpendicular Eu já fui, responde o vinho A folha solta a gritar ao vento Fui raio de Sol sobre o firmamento E trouxe á uva doce carinho Ainda guardo o calor do Sol E assim eu até dou vida Aumento o valor seja de quem for Na boa conta, peso e medida E só faço mal a quem me julga Ninguém faz pouco de mim Quem me trata como água É ofensa!... Pago-a!... Eu cá sou assim Vossa mercê tem razão É ingratidão falar mal do vinho E a provar o que digo Vamos meu amigo a mais um copinho