António Mello Corrêa

Toirito Negro

António Mello Corrêa


O tourito negro
Fugiu à manada
Foi beber ao pego
Na água parada

E viu o Chibante
Do Zé Colorau
O que foi amante
Da Chica do Mau

A chorar de mágoa
Na maracha fria
Mirando a água
Que já não corria

O tourito negro
Olhou e mugiu
Foi beber ao pego
E já não fugiu

Zanga de amor o amor agarra
Uma disputa não acende a briga
Pois o campino é como a cigarra
E o Charnequenho é como a formiga

Foi o cão fidalgo
Que saltou a sebe
Para ajudar o galgo
A correr a lebre

Que vai tão ligeira
Pelo chaparral
Que fica na beira
Do verde pinhal

E a lebre salta
Como lhe convém
E gritava a malta
A correr também

Mas o cão fidalgo
Vai para o redil
E o nobre galgo
Entra no canil