El condor passa sobre os andes E abre as asas sobre nós. Na fúria das cidades grandes Eu quero abrir a minha voz. Cantar, como quem usa a mão Para fazer um pão, Colher alguma espiga; Como quem diz no coração: - meu bem, não pense em paz, Que deixa a alma antiga. Cantar o canto exato e novo, Que a vida que nos deram nos ensina, Pra ser cantado pelo povo, Na américa latina. Eu quero que a minha voz Saia no rádio e no alto falante; Que inês possa me ouvir, posta em sossego a sós, Num quarto de pensão, beijando um estudante. Quem vem de trabalhar bastante Escute e aprenda logo a usar toda essa dor Quem teve que partir para um país distante Não desespere da aurora e recupere o bom humor. Ai! solidão que dói dentro do carro... Gente de bairro afastado, Onde anda o meu amor? Moça, murmure: estou apaixonada, E dance de rosto colado, sem nenhum pudor. E à noite, quando em minha cama, For deitar minha cabeça, Eu quero ter cabeça Eu quero ter daquela que me ama Um abraço que eu mereça; Um beijo: o bem do corpo em paz, Que faz com que tudo aconteça; E o amor que traz a luz do dia E deixa que o sol apareça Sobre a américa, Sobre a américa, Sobre a américa do sul!