Hoje ela sentiu um oceano todo Hoje ela sentiu não ter onde pisar Sem ar, afundou em si Sem ar, mergulhou por fim Sem ar, se deixou levar pelo mar que habita ali Hoje ela sentiu ser mais o que pensava ser Hoje ela se amou como queria receber E todo um oceano gota d'água aparecer Diante da vontade de um mundo pertencer A Lua fez crescer por fim A mulher que nasceu pra ser Sem querer, se deixou levar Pelo mar que habita ali Hoje eu pude levantar-me Assumir-me, ver-me e reconhecer a beleza Que eu tenho dentro de mim Que eu tenho fora de mim Quantas vezes eu não me matei? Quantas eu não me culpei por ser de um ou outro jeito? E o desamor que isso causou, mil solidões, quinhentas guerras E contra quem? Contra mim Contra quem? Contra mim Mas eu sai vitoriosa, com cicatrizes e com a força de uma deusa O amor que sinto por mim não devo a ninguém Por ser a mulher que sou, não volto a pedir perdão Se ver mulher, se conhecer, se permitir e se pertencer Viver mulher para crescer, viver para si bem dizer Se ver mulher, se conhecer, se permitir e se pertencer Viver mulher para crescer, viver para si bem dizer