Eu passava por ali várias vezes Nunca reparei no seu olhar Nunca percebi o seu perfume Nem como era doce o seu jeito de falar Mesmo assim ela insistia em forjar Candidamente um devaneio Pois supunha que ficava irresistível E que todos só fingiam não notar Quem tocou ou beijou Virgínia Nunca disse nada demais Uns achavam que ela era bonita Uns achavam que ela era estranha Uns achavam que ela era gozada E uns não achavam nada Ela estudou comigo no cursinho Encontrei ela alguma vez num bar Ela passava e não dizia nada E eu nunca achei que devesse falar Às vezes ela sorria Como se tomada por algum delírio Concedendo a nós, mortais O tal segredo Que só ela parecia dominar A sua foto no jornal de ontem Olhando bem nada me fez pensar Eu podia dizer que ela ta linda Ou que ela é muito nova pra casar Mas minha alma vazia Não preenche seu deserto com sorrisos E o jornal além da foto não diz nada