Meu rumo é o mesmo que o teu Querência, somos iguais Sou terra, sou descendência Do gem que herdei dos meus pais Tenho, nas minhas verdades Muito de campo e de verde Se, às vezes, vou rio afora Às vezes, morro de sede Igal a ti, me transponho Mas reconheço o espaço Que a vida riscou num mapa Pra dar limite ao que faço Não sou terra desmedida Tampouco, fundo de campo Sou várzea e caraguatá Talvez, igual a outros tantos Aprendi muito c'o a terra Que nunca conta mentiras Que há de se pôr verdades No lugar de onde se tira Pois, quem passa a vida inteira Com vontade de ter asas Um dia, pode ser tarde Pra querer voltar pra casa Por isso que tenho em mim Miles de rumos pra ir E já não canso o cavalo Com a intenção de partir Apenas cuido meu mundo Pequeno, mas todo meu Que vai, da minha saudade Ao rumo que Deus me deu Quantos sonhos se extraviaram Até que, um dia, entendi Que a querência era o rumo Que um dia quase perdi Luzeiro de brilho raro Que alumbra tudo o que vi Quanto mais eu sou querência Mais eu retorno pra ti Querência, somos iguais Temos instinto de terra Tudo que, em mim, se inicia É em ti que se encerra Somos feitos de silêncios Quase da mesma matéria Teu campo, meu corpo inteiro Tuas sangas, minhas artérias Querência, somos iguais