Rincão que guarda segredos na alma extinta das casas Na lenta morte das brasas dentre o rodar da carreta E a lembrança que reponta, pra sonolência da estrada Num rangido que cantava, com a boiada por silhueta Rincão que encontra o silêncio pela quietude do amargo Ritual terrunho que trago, antes do aperto dos bastos E a madrugada que sangra um arrebol Colorado Espia a cara do dia, mostrando o choro do pasto Rincão que move as distâncias no tempo que vai ao léu Deixando um negro chapéu dependurado no angico Se um dia partiu solito talvez na ânsia de andar De changador de um lugar, a viramundo de ofício Rincão que a noite em penumbra resenha sombras em quadros Ainda escuta um bailado de tudo e quem lá dançou Cochichos de quem passou e o batizou de assombrado Porque não ouve o recado nem o que lá se passou Rincão que agora descansa depois de muito pelear O tempo, os homens e um par, de corticeiras maduras Talvez pra safras futuras colherem frutos do bem E pra saber de onde vem, a flor que a aguada procura Rincão que a imagem tombou numa tormenta de outono E por descaso do dono virou fragrância e tapera Com um resquício de espera, que alguém o erga de novo Pra ver a tez do seu povo sorrir de novo após eras