O fado negro, negra dor é pão Amargo pão de quem não tem amor É negro negro como a negra flor E como as tábuas negras dum caixão E o fado negro tem-no quem tocar O fado negro tenho por calvário Ai negras penas, contas do rosário O fado negro tem quem não amar Mas se há remorso numa negra vida Que de arrependida Chora da maldade A primavera doutra vida chega Vai-se a vida negra Chega a felicidade À noite negra deu-me Deus a cor Vestir de negro, deu-me por condão Mas fado negro, negro fado não Porque o meu luto é sinal de amor Eu visto negro porque tenho fé Eu visto negro porque espero em cristo Ai negro, negro, por amor te visto Mas o meu fado negro não, não é Ninguém me diga que não há beleza Que só há tristeza Quando o negro impera Porque a andorinha que Deus fez tão negra Sempre que ela chega Chega a primavera Porque a andorinha negra, negra, negra Negra, negra, negra Traz a primavera