Ao poeta perguntei Como é que os versos assim aparecem Disse-me só: eu cá não sei São coisas que me acontecem Sei que nos versos que fiz Vivem motivos dos mais diversos Mas também sei que sendo feliz Não saberia fazer os versos Ó meu amigo, não penses que a poesia É só a caligrafia no perfeito alinhamento As rimas são assim como um coração Em que cada pulsação nos recorda sofrimento E nos meus versos podem não haver medida Mas o que há sempre, são coisas da própria vida Fiz versos como faz dia A luz do sol sempre ao nascer Eu fiz os versos, porque os fazia Sem me lembrar de os fazer Como a expressão e o jeito Que p'ra cantar se vai dando à voz Todos os versos andam já feitos De brincadeira, dentro de nós E assim amigo Já viste que a poesia Não é só caligrafia São coisas do sentimento