Teu suspiro abre meu dia Tua preguiça que me morde Dos males de uma manhã fria Teu tato quente que me cobre Teu cabelo embaraça, vira ninho E eu tiro fio por fio Enquanto limpa os olhos De tudo que a noite viu No vapor me abraça quente Café amargo que com você Fica doce como o mel E desce ardente e leva ao céu Sobe ao ar Na asa que me faz Esquecer do mundo ao redor Amarra a venda Que anda escondida Na corrente que me sopra a compor Por onde anda A ferida que escorre Na vida pairando aos seus pés? Deita cansada No caixão de vidro Lampejando um abraço vulgar Teu beijo seco finca a minha pele A silhueta que me desperta A tinta que desenha o rosto Teu cheiro que me chama e me sublima Teu riso doura o meu rosto Teus olhos me viram do avesso Expondo meu âmago despido De puro animal procurando por abrigo Te vejo na porta Te vejo na grama Te vejo no espelho Mas não te vejo Te sinto aqui Mas não te vejo em ti Tuas carícias Tuas redondezas Nunca pude explorar E mesmo assim Te endereço todos Os meus olhares, suspiros E versos