Eu sabia que a barra ia ser pesada Guerra ia ser cravada Talvez eu fosse rejeitada Sabia que ia ter amor, muito amor Mas o amor dela demorou Tá em processo, eu entendo Não sabia antes, hoje entendo Karmas são profundos, mãe te entendo Dói em mim também, não tô vencendo Porque essa luta já acabou faz tempo Quando teu peito rasga eu sinto De longe, tua voz que grita aos domingos Pretendo me mudar, não minto Deixar de rasgar teu peito, e rasgar contratos abusivos que assino A cada olhar de desprezo, saiba Eu não desisto do que sou, mesmo com as tuas falhas Assumo que sofri e sofro Assumo essa raiva E mesmo estando bagunçada, assustada Não consigo culpar tua caminhada, não consigo te culpar É foda Pobre e preta, com um filho e Marido nas costas Tentando apagar sua própria história Só pra arrancar de nós algumas boas notas na escola Ouço o bater do beat e me pergunto É essa a hora? De por, tudo pra fora Olhar, de fato pro passado Ser mais madura, aceitar os fatos Fazer do amor o guia da caligrafia Honrar quando lá em cima, jurei que aceitaria Curar uma mãe e uma filha É dor dai, é dor daqui Já não quero mais me diminuir, pra que cê entenda que cresci Cê já venceu por eu já estar aqui Me deixa ir, me deixa ir Mãe Não tive escolha e cê também não Não tenho culpa e cê também não Já cresci e o perdão é minha decisão Espírito rebelde, no corpo guerreira Espírito guerreira, num corpo rebelde Como o Sol e a neve Solo e a seca Pão sem manteiga Eu e você sem o amor na mesa Sem abraço obrigatório de sobremesa Deixei o coração guiar a fala Me vi desestabilizada Vi o quanto andava machucada Ao ponto de fazer as malas, sua mão tocar minha cara Eu te enfrentar como uma mal educada Mal educada Te fazer chorar por eu chorar E eu chorar por tí chorar Sol se pondo parecia tá dizendo que tudo ia acabar Mudei a vibração Música como visão Essa fita explode em mim Tipo a força de um vulcão Aqui tô eu de braço aberto pra mim mesma Acreditando em sonhos, como se fossem heróis Li cartas na mesa, minha intuição Parcelas de certeza Que assim como meus guias cuidam de mim Os teus, cuidam de tí Não sei se você vê, se gosta do que vê Se vai se orgulhar quando morrer Mas preciso mãe, preciso te dizer Eu sou a base desse rap Esses versos Notas do violão, cantos e rezos Sou o soprar do vento, o rio que flue até chegar no centro Bem no centro do universo Minha luz é forte, quase elétrica Meio psicodélica É o que sou, é o que sou Mãe Não tive escolhe e cê também não Não tenho culpa e cê também não Já cresci e o perdão é minha decisão