Ana Sofia Varela

Rosa Nocturna

Ana Sofia Varela


Ei-te uma rosa e no espelho 
Entre a sombra e o vermelho 
Estranhaste o seu clarão 
Agora só a debrua 
A luz irreal da Lua 
No vago da escuridão 

Nela vi quanto dizias 
Davas, rias, prometias 
Vão murmúrio, vão rumor 
Louca, louca esta existência 
Tresloucada incandescência 
Que o sangue lhe vinha pôr 

E era tão intensa a vida 
Que a fugaz rosa colhida 
Já nem no espelho perdura 
Faz-se rosa em desalento 
Que a noite mesmo sem vento 
Só de a tocar desfigura 

Vão-lhe as pétalas caindo 
À medida que fugindo 
A Lua desaparece 
E a manhã quando desperta 
Já só vê a forma incerta 
De uma réstia que estremece 

Triste vida a que me afoite 
A fazer de cada noite 
Uma flor, uma quimera 
Mas rosa, a rosa terás 
Outra, outra e outra atrás 
Da que morre à tua espera

Consentimento de cookies

Este site usa cookies ou tecnologias semelhantes para aprimorar sua experiência de navegação e fornecer recomendações personalizadas. Ao continuar a usar nosso site, você concorda com nossos Políticas de Privacidade