Vai lá na tendinha e diz pro "galego" que a coisa tá preta Que mande fiado e deixe anotado lá na caderneta Sardinha em lata e um quilo daquela batata lavada Em casa de pobre, sardinha e batata é bacalhoada! E mande também cheiro verde, cebola e tomate Eu pago no fim do mês com o dinheiro daquele biscate Não vai ser a primeira, nem última vez Diz pra ele, ô preta Que cartão de crédito de pobre é a caderneta A minha nega quer que eu mude de jurisdição Sem bala perdida, sem fogo cruzado, sem pertubação Também diz pra ele, oh preta Pra não errar na caneta Que eu to derrubado, cambeta Mas não aturo mutreta Naquele "vai um" que as vezes "vão dois" a firma desmonta Pode berimbolar, pode dar bafafá quando fechar a conta Antigamente quem morava longe era alvo de troça Mas hoje em dia, meu bem Morar bem é quem mora na roça Fica distante do Cristo Mas perto de Deus o que é ruim fica bom Se compara, mas não chega aos pés Em matéria de paz dá de dez no Leblon A minha nega quer que eu mude de jurisdição Sem bala perdida, sem fogo cruzado, sem pertubação Já quitei um lote comprei sem entrada e sem prestação Botei "dois garrotes, dezoito galinhas e um galo capão" Alface, chicória e cebola, salsa e cebolinha tirada da horta Pra fugir dessa guerra nem unha com terra essa nega se importa