Por um trilho estreito, entre samambaia, de chapéu de palha, eu ia pra mina Enchia o corote, com a canequinha de água fresquinha, limpa e cristalina Depois me sentava no barranco ao lado e entusiasmado eu ficava olhando A queda da água rodando moinho e no ribeirãozinho o monjolo malhando À tarde eu deixava o monjolo parado, e o arroz socado eu levava pra janta Corria na venda, comprava envelope, voltava a galope no cavalo pampa Tomava um chazinho, jantava bastante, achava importante escrever pros parente Contando que a roça estava limpinha e que ninguém tinha ficado doente Mas minha pobreza foi contaminando aos pouco tirando esta ... felicidade... Embora a roça fosse um berço sagrado me vi obrigado a mudar pra cidade Passei a comer só arroz de pacote, troquei o corote por filtro esmaltado... Nem carta escrevo, pois vivo sozinho, só vejo moinho no supermercado Se vejo monjolo é movido a motor, só em casa de flores, vejo samambaia Mas fico orgulhoso por ver margaridas limpando avenida de chapéu de palha A grande saudade, que tenho guardada, será revelada se um dia eu voltar Então pedirei perdão ao presente pra eternamente na roça eu ficar