A lua Em desvario Acorda a solidão Em mim Se ouve na rua Um assovio Um resto de canção Que não tem fim Ao longe em serenata Um triste som de um violão Como um punhal de prata Que me rasga o coração E eu sofro lentamente O fim de uma ilusão Um grande amor ausente A dor de uma paixão E em minha face o pranto corre Enquanto a noite cai E um vento frio Aumenta essa aflição Em mim E a lua vai Criando-me um vazio E um grande turbilhão Que não tem fim Perdido na distância Ecoa o grave de um bordão E a estranha ressonância Me perturba de emoção E eu sigo na torrente E eu vou sem direção Em busca tão somente De consolação E vai-se a noite embora E a madrugada agora sai Apaga-se um vazio Em cada lampião Estingui-se o assovio Cala-se o violão É tudo tão tardio Pro meu coração A aurora ascende a estrada E madrugada já se esvai Em cada noite afora Essa procura é mais em vão Estão em cada aurora Mais vazias minhas mãos Na hora da partida Eu vejo o sol nascer E deixo a minha vida Em cada amanhecer Na ronda da cidade Devo então permanecer Ou inda mato essa saudade Ou de saudade eu vou morrer