Já fui boiadeiro no sertão mineiro Já montei em lombo de burro pagão Naquela fazenda onde eu trabalhava Era estimado e tinha um bom patrão Todo dia cedo juntava meus bois Carregava o carro e dobrava o espigão O carro cantava, de longe se ouvia Para mim ficou esta recordação Mudei pra cidade, comprei outro carro Transporto progresso no meu caminhão Oitenta por hora economizo óleo Sou um patriota, defendo a nação Se a carga é pesada desço engatado Peço a São Cristóvão me dar proteção Solto na banguela, cantam os borrachudos Lembro do meu carro gemendo o cocão Da vida que levo já ando cansado Sempre lembrarei lá do meu sertão Tô aqui cantando de longe escutando O mugir dos bois descendo o grotão Amanhã cedinho saio de viagem Vou cortando serra e dobrando espigão Abraço a viola, minha namorada E minha morada é meu caminhão