Olhe dentro dos meus olhos cansados, Sinta o cheiro do meu corpo suado... O que vê? Sinta o gosto do meu beijo gelado E o tremor do meu abraço apertado... E ainda vê? E o que vê, se ainda vê? Pode crer no que vê? Veja o velho maltrapilho sentado, A criança suja, em pé, ao seu lado... O que fez? Viu seu cão morrendo atropelado, E o seu pai fugir do hospício pelado... Que é que fez? E o que fez, quando fez? Por que fez? Se é que fez... Nas embalagens do supermercado, No couro dos bois sendo marcados... O que lê? Em um dicionário estampados Há vocábulos bem explanados Que não lê... E o que lê, se ainda lê? Pode crer no que lê? Ícones em igreja pintados Os políticos bem-retratados Você crê? Boataria que vira um ditado, O seu filho lhe diz que é "viado"... Dá pra crer? No que crê, quando crê? Por que crê? Se é que crê... Ninguém vê, ninguém crê, Ninguém lê, ninguém fez...? Ou é só você?