Te chamo pra sentar aqui ao meu lado Mas o quarto esfumaçado não te deixa enxergar Mais um drinque ardente de um palmo e o Meu corpo se esquenta nesse frio de congelar Já passou das dez, da meia-noite Mas os peitos estufados não se cansam de gritar Está todo mundo agitado, vômito pra todo o lado E tempo livre pra gozar... Não é um sonho Nem pesadelo É só mais uma noite inteira Meu sangue ferve E a cocaína Afasta de nós a canseira Meu santo é forte e me protege Me afastando dos covardes, da AIDS e das chacinas E é tão bom que me enlouquece, Me coloca n'outro mundo atravessando minhas narinas... E que se fodam Esses caretas Eu quero mais é aproveitar Tenho quinze anos E minha vida Ainda é muito cedo pra parar Eu te espero desnudo na sala Você chega tropeçando, será que vai agüentar? Mas sua primeira vez foi linda Pena que você não se lembra de nada pra contar Dá mais um gole A vodka ainda dá pra matar Só não vale ficar parado Pára só quando você trincar Seu corpo suado Mas o tempo está tão gelado Seus olhos vidrados Mas você se anima só pra me ouvir cantar! Seu pai te liga no celular Mas é claro que você ainda vai ficar Seu pai tem grana, o filho-da-puta Cinqüentão por dia pra você torrar Ele pergunta "onde você 'tá?" Mas é claro que você não vai contar! Chega amanhã em casa, à tardinha E sua mãe querida nem sua falta vai notar...