Aluísio Casagrande

João Navalha

Aluísio Casagrande


Sua voz, um chapéu e um violão
Era tudo o que aquele rapaz usava
Para chamar a atenção
De quem passava pela praça
Ele não cobrava nenhum tostão
Mas aceitava as migalhas
Disseram que seu nome era joão
Reconhecido por navalha

Cortes no corpo e no coração
Semblante de um homem sofredor
Humilhado e mal visto por todos
A sociedade também o rejeitou
Contudo não era revoltado
Ele só queria se expressar
Pela vida já passou por maus bocados
Mas se orgulhava de nunca roubar

Vítima da sorte e da falta de amor
Quem iria até ali compreender?!
Que nas noites a cama é dura
E o papelão é o cobertor
E só cantava coisas boas pra você
Mas ninguém houve, ninguém vê, não faz sentido
Não é pra fazer, que fique explicado
A confusão vacilão é só contigo
Que se gaba da sua vida, seu status

Esse é joão, homem sonhador
Vive na paz em busca do amor
Do amor ao próximo, demonstra gratidão
Tem pouco no bolso, mas muito no coração

E olha e olha e
Ele sempre dá flor pra quem merecer

O seu destino ele mesmo faz
No sol sem direção nunca olha para trás
De cidade em cidade, hoje aqui, logo não mais
Porto velho 40 graus de vibe emocional

E olha e olha e
João navalha anda sorrindo para confundir você

Num certo dia o silêncio se instalou
Ninguém sabe o motivo e nem a razão
Todos passavam procurando o cantador
Só acharam em si mesmo ingratidão
Por não ouvir sequer uma mensagem
De alguém que tinha muito à ensinar
E foi embora pra onde? Ninguém sabe!
Continuar sua missão em outro lugar

Dias e noites, sol, chuva e solidão
Um sorriso disfarçava a tristeza
Dignidade não é tudo irmão
Humildade é a primeira fortaleza

Sua voz, um chapéu e um violão
Era tudo o que aquele rapaz usava
Para chamar a atenção
De quem passava pela praça
Ele não cobrava nenhum tostão
Mas aceitava as migalhas
Disseram que seu nome era joão
Reconhecido por navalha