Decantada em serenata Como bela, santa e nobre A Lua, que era de prata Foi ficando cor de cobre Pouco a pouco enrubescia Foi ficando cor de mel Pois não é que existia Noite de lua-de-mel? Lentamente e confiada Fechou-se como um olhinho E depois, encabulada Foi se abrindo de mansinho A cena se desenrola! Quero pensar mas parece Que o pensamento viola A quietude que se tece Esta noite me encanta Seu enigma ressoa Enfim, a beleza é tanta Que meu pensamento voa O voo me extrapola O universo aperta o peito Afaga, doma, consola É um envoltório perfeito! Das poeiras às estrelas Tudo está vivo, dançando Há luzes para entretê-las! Fico pensando, cismando A natureza é gentil Desconcertante também Ela pode ser sutil Mas não engana ninguém A todos a mesma sorte Infinita ebulição Tudo é vida, tudo é morte Tudo é recriação Como isto é fascinante! Não há ciclo que complete Um universo mutante Onde nada se repete Fico silente observando E minha mente interpreta É assim filosofando Que me transformo em poeta Tão lógico quanto álgebra Sou poeira e mesmo assim A Terra se fez de pálpebra E a Lua piscou pra mim!