Será que os cabelos brancos Que me apartaram da infância Não tiveram rédeas e pulso Pra domar a ignorância E brotaram pra mostrar Que o tempo virou distância? Serei eu dono do mundo Pra fazer rancho e roçado Parar os rios em represa Prender sonhos no alambrado Falquejar a natureza Pra tranquear sempre ao meu lado? Espalhem aos quatro ventos Está visão que lhes falo Quem duvidar, se enforquilhe Sobre o lombo do cavalo Vá ver o campo chorando De tanto o homem judiá-lo É por isso que me indago Sovando o lombo da estrada Se é que a água nasce doce Sai do chão purificada Qual a força que me explica Por que no mar é salgada? Eu que fui guri de campo Paro e penso, imaginando Lá do alto da coxilha Vendo a sanga serpenteando Será a lágrima que desce Quando a terra está chorando?