Noite de silêncio paira sobre esta cidade, Vento e luto a condenar a nossa vaidade; O que trarão as luzes para o que se faz contente Quando a fome do triste é presente? Como ser feliz com a fome dessa gente?! Quantos nessa noite vão se levantar Pra mudar o mundo? (não pra ter, só pra se dar!). Dividir, e não somar, é a conta que nos cabe, Quem nasceu do céu (de novo), sabe! E que viva o justo à luz dessa verdade! Quem vai se negar a ouvir o homem Que se deu pra nos matar a fome? Quem não creu no seu terceiro dia Traz, na dor da fome, a apatia. Servos do sistema, o surdo e o cego, Vivem de miragens no deserto; E como brindar jesus menino (oh, homem!) No silêncio do natal da fome? A usura é o mal que nos consome. Quantos dentre nós preferem se calar Passando pela vida invisíveis feito o ar? Como se alegrar, cantar, bailar se é falsa a dança? Cada qual é um elo da corrente de esperança! Somos todos instrumentos de mudança.