Não faz muito tempo, Umas duas semanas, Que nós viajamos para além das montanhas. Quase mortos de sono E o carro preso na lama. De longe avistamos uma velha cabana. Chegando lá dentro, não havia mais nada, Mas era um bom lugar pra se passar a madrugada. Estava perfeito! Mas algo incomodava... No fundo da sala: Uma porta trancada. Lembrei que no meu carro havia um martelo guardado. Então fomos busca-lo pra quebrar o cadeado. Voltamos pra cabana e vimos que algo estava errado: “A porta trancada tinha se escancarado!” Mas a cada meio-passo nosso medo sumia. Embora fosse noite, lá dentro era dia Vimos casas, mato e um grande rio sorria. Então um velho disse: - Sejam bem-vindos à vila Nós somos o que restou de um mundo que acabou. Viemos há muito tempo e o tempo passou. Mas se você nos disser que o mundo lá fora já pode saber. Nós não iremos mais nos esconde E os jovens dançavam, Os idosos se amavam, Enquanto as crianças brincavam e não se cansavam Eram todos sorrindo E não era atoa, Pois lá, todos faziam a vida ser muito boa. O bolo na janela, O cheiro doce de alcaçuz. A “lâmpada da ideia” nunca ficava sem luz. Peguei meu violão antes de voltar pra estrada. E compus essa canção, sobre o velho que falava: - Nós somos o que restou de um mundo que acabou. Viemos há muito tempo e o tempo passou. Mas se você nos disser que o mundo lá fora já pode saber. Nós não iremos mais nos esconder Voltando pra cidade cinza Cheiro de gasolina Mal cheguei e já pensei em fugir É tanta gente mal amada Só notícia errada Questionei “o que faço aqui?”. Eu sei que essa é minha casa, Mas não muda nada Eu já sei o que eu vou responder -Que a vila fique sempre longe! Pois se vê de longe, Que não estamos prontos para vocês