O olhar de quem "empatia" Das almas pras pernas, "Que pernas! Que pernas!" Abre caminho, caminho profundo Pra que entendimento seja Seja mais do que assistencialismo Mais do que pena, mais do que apenas olhar Das lágrimas caem os olhos Dos versos versam gritos Críticos de vida, críticos de merda Amanhecendo seus corpos Criando oportunidades ainda na madrugada da vida Ainda quando chora Ainda quando não sabe nem ao certo Quem é seu corpo e o que lhe cabe Representação, emancipação, criação social Medo, medo, medo Estupro nosso de cada dia Filhos da verdade crua E ela, Ela ainda sangra Mas já nem chora mais, agora berra! Por tudo o que te roubaram Tudo o que ainda dizem não é seu Ver, sentir, ser amar, transar Mais do que verbos, mais deles verbos São empacotados, são inertes São sem prazer, sem gozo Se gozar cachorra, nasce cadela Esquina escura, encontro de duas ruas que nunca se encontram Sempre se perdem nas próprias curvas por mãos sujas Sempre se perdem nas próprias curvas por mãos sujas Sempre se perdem nas próprias curvas por mãos que não são suas