Não amor, não é nada contra você Só que pra falar de mulher Mulher você precisa ser Dá até pra esboçar, imaginar, especular Mas enfia em outro lugar essa certeza Sobre um assunto que você não tem propriedade pra falar Porque pela minha goela não vai mais passar Lembrei daquela piada sobre a força A força que deus pode te dar No final é paciência que se pede né? Mas tô aceitando a primeira, pode mandar. Agora nos resta descobrir como dar o grito Paciência nós já temos Como é que a gente vai fazer Pra assustar tudo aquilo que ronda os nossos espelhos Não me venha dizer o que eu tenho que fazer O que vestir, o que comer Se eu vou ter filho, ou não Se eu vou casar, ou não Até se eu vou dar, já querem decidir por mim Como se eu não fosse capaz, nem de saber essas coisas de homem Coisas assim. E toda essa merda que construíram pra dizer Como é que os meus pelos devem crescer Ou se os meus seios eu devo prender Ser sexy, gostosa, mas sem ser vulgar É assim que tem que ser Não dá nem pra acreditar O quanto cobram que sejamos perfeitas E não nos dão nem o direito de argumentar. Me deixa gozar do jeito que eu quiser Do jeito que eu acho que tem que ser Dos pés a cabeça Meu corpo está sob o meu poder Ler relatos sobre estupro me trazem uma raiva que eu não gosto de sentir O punho cerrado, o suor frio E a cena viva na cabeça Meus pensamentos são sempre sangrentos Estamos todas condenadas a essa tormenta? Não adianta fugir pra onde você olha Tentam te engolir, te tolher, te diminuir Te fazer acreditar que nada desse mimimi que você grita vai adiantar Eu não dou conta de chorar, NÃO! Tudo o que transborda vem e eu deixo vir Essa força transforma nossa forma de viver Sem violência Sem medo do que o futuro pode trazer Me deixa gozar do jeito que eu quiser Do jeito que eu acho que tem que ser Dos pés a cabeça Meu corpo está sob o meu poder