Mulher da rua pernas nuas, despudorada Mulher de casa, discreta e recatada Mulher amante, chega de madrugada Sozinha ou até acompanhada Sem se incomodar se o povo vai falar Dona de casa, noites claras, acordada Vigiando a criançada esperando o companheiro chegar Emancipada, trabalha fora E faz conta das contas a pagar Mulher prendada lava, passa, cozinha E conta historinha pra nenê niná Ah, se Adão soubesse que estaria Entre a cruz e a caldeirinha Sua costela não seria menina Acabrunhado com tanta indecisão De ter que escolher entre o amor e a paixão O sentimento é coisa diferente E é só o que se sente Não temos muito pra dizer Tá no toque, no olhar, no cheiro que se dá Sem troca de favor O pobre contagiado Não pode ser condenado Nem mesmo ser descuidado Cada qual com seu valor