Alfredo Naffah Neto

Caricias de Chorinho

Alfredo Naffah Neto


Cantei a flor e o jardim
O amor sem fim cantei também
E terno o luar na noite se encantou
E esse chorinho soluçando dentro em mim
Devagarinho, atrevidinho
No meu peito se encostou
Pediu-me um tema
E eu não sabia o que cantar e então, surpreso
Não vi o seu enlevo, fugi do seu olhar
Mas esse chorinho suave, tão menino, de mansinho
Se pôs a soluçar

Eu já não sei mais o que fazer se ele persiste
Querendo penetrar meu coração
Vive todo o tempo a transtornar o meu sossego
Contando-me segredos, sussurrando uma canção
Sua melodia preencheu os meus ouvidos
Tomou os meus sentidos, é um sol a clarear

Nisso o tempo corre e as notas pelos poros me escorrem
Qual nuvens a chorar, a gotejar

Meu violão tirou o corpo bem depressa da questão
Me disse que ele não podia me ajudar
Pedi-lhe um tema, só me deu a harmonia
A noite passa e chega o dia
Sem eu ter a solução

E esse choro continua a insistir cá no meu peito
Estou até sem jeito, não sei o que pensar
Sua cantoria se esparrama, se derrama qual carícia
Na pele a me agitar

Eu já não sei mais o que fazer se ele persiste
Querendo penetrar meu coração
Vive todo o tempo a transtornar o meu sossego
Contando-me segredos, sussurrando uma canção
Penso que é melhor achar um tema bem depressa
Pra ver se escapo dessa, pra não desesperar

Uma idéia aflora, quem sabe o vermelho dessa aurora
Me venha iluminar