A solidão já não me assusta Eu sei a dor que isso me causa E sei o que viver me custa Sou um homem só A sensação não é estranha Conheço bem a cor da insônia Conheço bem a unha que me arranha E a emoção não me vergonha Às vezes me enveneno de cachaça E às vezes me embriago de peçonha Sou um homem só E o violão assiste a tudo Como se fosse, num velho teatro O microfone de um artista mudo A reação é sempre quieta A cada vez que a solidão me espeta Me resta pouco sangue em cada veia E o sonho já não me incendeia Me vêm as lágrimas que eu não contenho Então canto maior Sou um homem só