Quem poderá dizer o que se oculta em mim Cansado de viver dopado e de comer capim Eu mesmo fiz a minha fantasia de pingüim Eu sou a Colombina travestida de arlequim Solitariamente lúcido Nem opaco nem translúcido Afônico, biônico Pavorosamente cômico Sou eu o meu algoz Que me crava o seu cinzel Me rouba a luz do sol Me amarra em seu dossel Eu como estrelas subterrâneas E vomito girassóis Deuses meteóricos Profetas metafóricos Sofistas e teóricos Pisoteiam meu jardim Sou pato, lobo bobo O que será de mim Monalisas, pitonisas Analistas de sistemas e de almas Batem palmas no silêncio do metrô Aleluia, aleluia Jesus Cristo se matou Tudo estava previsto Alalaô O algoz em mim me diz Sei como, quando e onde tu te arrastas Venerando as Ninfas e as Jocastas Eu bem que te avisei, tu não te bastas Tu precisas das ordens e das castas O algoz em mim me diz Careces das coisas mais nefastas Ai, nossas verdades são tão vastas Sofres mesmo quando te afastas "Papai e Mamãe são pederastas"