Idéias eu jogo no lixo Os sonhos eu jogo no bicho Projetos eu rasgo Meu nome eu engasgo O que é pra gritar eu cochicho Se alguém perguntar eu respondo Que o mundo é quadrado e redondo Se eu digo o que sinto Na hora eu desminto O que é pra mostrar eu escondo O que ainda não é já morreu, nunca foi mas já foi pro museu Meu auto-retrato, natureza morta, atrás da porta, minha covardia O que eu sou se rende na noite vazia E se a fogueira acende eu jogo água fria Não faço questão do que eu quero Se for demorar eu espero Castigo eu agüento Pretexto eu invento Pra nunca ser muito sincero Se a vida me ofende eu não ligo Não quero e não faço inimigo Me curvo, me abaixo Não vou e não racho O que é pra dizer eu não digo O que ainda não é já morreu ... Eu sei controlar meu desejo Se for pra não ver eu não vejo Eu sou bem mandado Mas por outro lado Se for pra gritar eu gaguejo Por mais que pareça confuso Eu mesmo me uso e me abuso Me culpo e me nego Me prendo e me entrego Me mato e ainda me acuso O que ainda não é já morreu ... Me vendo no preço do dia Aceito qualquer mixaria Não tenho bandeira Nem eira nem beira O medo me faz companhia Em troca de rango e salário Eu faço o que for necessário Invento mentira Quem sabe se vira Quem diz a verdade é otário