Despenca das ladeiras, rebenta desde o céu Orgulho das primeiras pilastras de Babel Remonta do começo, da Queda livre ao chão A Luz que diz mereço, o Verbo que responde não Deságua na mentira, Adão virando Abel A mágoa mãe da ira inventa um outro céu Ainda muito cedo farelos pelo chão O pão que dorme azedo, o medo que amassa o pão Brincar de Deus E arriscar perder de vez os dedos e os anéis Reinar os Gabriéis e os Davis Brincar de Deus e nunca ser feliz O tempo que não pára, não volta e já não é O brilho do Saara nos olhos de José O sonho no deserto de cada um de nós Um mar pra ser aberto, o Verbo procurando a voz De todos os Juízes, de cada um dos Reis Rogamos, infelizes, o lado bom das leis Trocamos de pecado nas noites de perdão O fel anunciado, o mel de cada tentação Brincar de Deus E arriscar perder de vez os dedos e os anéis Reinar os Gabriéis e os Davis Brincar de Deus e nunca ser feliz O Verbo arrependido, a Luz original A dor não faz sentido mas serve de sinal O Filho está sozinho, os Césares também A carne sangra o vinho, a cruz pra sempre diz amém Brincar de Deus E arriscar perder de vez os dedos e os anéis Reinar os Gabriéis e os Davis Brincar de Deus e nunca ser feliz