Eu canto uma identidade de outros tempos, primitiva Que conserva a essência viva, de alma pura, sem vaidade Na xucra sonoridade de argolas, esporas, freios E, no rangir dos arreios, os rastros da liberdade Cada qual canta o que sabe, cada um canta o que gosta Cada qual com suas apostas e ajusta o que for preciso Evitando emitir juízo de valores de outros temas Nem criar falsos dilemas de algum momento indeciso Canto as coisas que me agradam Romances, bailes, tropeadas O campo e as campereadas e a doma de bons cavalos A madrugada dos galos, a noite escura dos grilos E, ainda, tudo mais aquilo que é de um fronteiro cantá-lo Outro que cante outras coisas que, a nosotros, não fascina Com sonoras lindas rimas e as certezas que a pregou-a Pois os cantares se entoa' buscando outros ouvintes Carregam os próprios requintes pra o gosto de outras pessoas Cada um com seu estilo, cada qual com seus motivos Corpo livre e pé no estribo, campeio a volta e me sento Minha terra é meu argumento, terreno onde me garanto Quem não gostar do que canto, respeite este sentimento Por atávico, meu canto transmite essa descendência E o gene dessa querência que defendo em demasia A imponência e a rebeldia forjam a raça e a esperança E uma geração que avança a tranco firme dia a dia E uma geração que avança a tranco firme dia a dia E uma geração que avança a tranco firme dia a dia